Cabeça ociosa. Pego o jornal, folheio o caderno principal. Nada de novo. Na condição de merdafoda em assuntos "políticos", me sinto a vontade para afirmar que esse jornal que agora leio, é um grande e arrojado panfleto político. Prestação de serviço? Bobagem, tráfico de influência, isso sim. NOTÍCIA! Chega a constranger. Mas, fazer o que, tenho que assumir: aqui está o parâmetro de redação, exigida por cursos, concursos, vestibulares, enems... e como sempre estou a margem desses testes. Observo atentamente como a forma de determinado artigo foi construído, quanto ao conteúdo, prefiro enfiar no cu, que é mais azul.
Já se foram três páginas, a cabeça não aceita mais nada que exija conexões complexas; nada de bolsa de valores, mega operações, porra nenhuma de nada. Enfim, para minha sorte, eis que chega a seção futilidade por aqui. Casas, celulares, eletrodomésticos, carros etc, coisas que, de tão distantes, pedem que eu caminhe na direção delas, para assim me abstrair do que é real... que delícia. TERRÍVEL! Chego a uma conclusão óbvia: não sou o único a ler jornal, que embarcar nessas viagens em busca da terra do deslumbre. Afinal, esses anúncios não são feitos apenas no meu número. Bem, acho que aqui caberia aquelas idéias de "meta-algumacoisa": A notícia é o anúncio da mercadoria Jornal, ou o Jornal é o anúncio da mercadoria notícia? Ou o Jornal é, ao mesmo tempo, mercadoria, anuncio e notícia? Tudo com o seus respectivos valores e qualidades.Não posso ir muito além disso: "dúvida que surge sem base teórica para sustentá-la e é transmitida e defendia como certeza, transforma-se rapidamente, dada a dose certa de arrogância, no mais puro pedantismo"; quero ficar bem longe desse título.
Surpresa! Olha aí que beleza: Estou pensando! Adeus cabeça ociosa do cacete. Me sinto bem, me sinto leve. Como é bom pensar, que grandiosa conquista; que fantástico! numa modesta produção (seria essa a palavra fabril do momento?) intelectual, me transformo em um novo homem. Então é isso: "O PENSAR", que beleza. Acho que lutei em algum lugar, não consigo me lembrar onde, pelo estigma de farça, terei que rever isso urgentemente.
Maldição! Sempre acontece isso. Uma pequena interrupção e pronto! Toda a minha gloriosa edificação intelectual se esvai. Pensamentos de Sérgio Naya... foi-se tudo. Poderia rolar para cima e ler tudo que escrevi até aqui, mas isso não seria legal, isso mudaria toda a minha perspectiva, estaria escrevendo sobre o PENSAR, sem pensar no PENSAR, apenas iria em direção de uma meta. Ah! olha essa palavrinha proibida visitando meu texto... que tentativa feia de desviar a atenção do meu resgate do assunto... Peraí, o que estou vendo aqui... que maravilha! Uma seção de móveis em oferta me esperando. Claro, eu e minha cabeça ociosa.
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