quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Diálogos Internos (pré-produção) - Krystian Bala

Em busca da frase perfeita para representar a idéia... "mas ele está morto! Qual idéia pode expressar isso?! Santo Deus! melhor assim".
Espero pelo café que está prestes a ser servido. Tomara que não venha naquele maldito ponto, em que se favorece o seu esfriamento. Quando morto, o corpo fica assim, puro gelo!
Bem... qual foi mesmo a nossa última conversa? Ah... a minha doce literatura, trancará mais uma cena em seu arquivo... ele estava bem amarrado... nade como puder; mantenha-se vivo aqui, nessas páginas, elas te pertencem. Grande homenagem, coisa nobre. Ouviu? pode me ouvir? Estou te enterrando em terreno de imortais! Maldito! Uma grande homenagem, sem dúvida. Vamos, faça-a feliz, pela última vez... aquela vaca! Não, você não pode. Sabe o porque? sim, você sabe. Foram quatro cortes feitos sobre o seu umbigo, posso ouvir os seus gritos... que tragédia meu Deus! Calma! Calma! nada de lágrimas agora, respire fundo. Vamos lá... falta aquela maldita frase... vamos...
... O romance ideal está sendo escrito. Chegou o café... abençoado seja... parece que não consigo engolí-lo logo de imediato, tenho que olhá-lo, respiro... tão escuro como aquela noite... tão quente quanto o meu corpo... e o seu sabor... um capítulo a parte. O lenço e a faca ainda guardo, como também guardo o som seco do primeiro golpe em suas costas... lembrança... poderia descrevê-la, seria de grande impacto; parece que ao leitor, agrada a saber desses pormenores, então com Raskólnikov aprendemos algo: um assassinato para ser descrito, começa pela motivação do assassino, passando pela trilha sonora do ato e se finaliza nas consequências que se abateram sobre o carrasco, pois para a vítima só cabe um fim, lógico: morrer.