domingo, 11 de maio de 2008

Sangrar é o que me resta. Quando penso nas possibilidades que meu corpo oferece a minha imaginação torpe, da vista opaca escorre à boca em corrente o mesmo líquido doce e brilhante. Não há como parar. Tentei diversos métodos, visitei inúmeros médicos e especialistas no assunto, fui até uma curandeira...nada. Explicar como começou seria inútil para nossa relação.Pois o essencial de mim você já conhece, que sangro ininterruptamente e que não gosto que isso aconteça. Também sabe o esforço que faço para fazer este martírio cessar. Porém, não posso me matar. O único momento que consigo sentir prazer é quando ateio fogo no corpo e sinto cheiro da pele queimada. É diferente, acaba. As vezes seca, impedindo que eu evacue outras coisas, que ouça meu próprio grito de desespero, e tambem de gritar.
É inútil tentar, quando algo sai do corpo não há como parar.
O sofrimento me permite tantas coisas. A melancolia muito tempo passou a ser embalada. Destas informações pouco consigo refletir, mas alguma coisa está completamente errada, corpos estão a sangrar. Que sangrem!
Tenho estigmas desde quando fui escarrado. O cú, a boca, todos os buracos de Cristo. Ele está lá, e não para de sangrar. Ateio fogo nele, que nunca pode se matar, sofreu e imaginou, e de sua dor, eu posso comprar.
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